quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

10 Minutos

São uma e vinte da manhã e eu só penso em deitar, deito e penso, penso, sem muita mobilidade, o frio traz ao corpo uma mortalha de fronhas e edredom, está aprisionada a mente também, numa cabeça alheia, a sua... abro um chocolate, na esquina ali perto, um zumbindo de vento quebrou-me as asas e o sonho deitado sobre meu corpo é uma fera qualquer, numa potência qualquer, voando raso nas ruas de Montevidéu. Como o chocolate, que ao paladar saciado resvala sem trégua à lembrança de sua boca achocolatada...

Uma e vinte e cinco... rodei o quarto compassado pelo badalar silencioso de um coração com passado... não há roteiro, pensamentos guiados, me aventuro poético, improvisado, construindo na imagem de seus beijos sonetos extremadamente metrificados, conduzido par a par pelas vias acidentadas da memória, reconstruindo em meus lábios teu hálito, em meu peito, a marca de sua presença é uma ausência ferida que pulsa...

São uma e trinta e devorei todos os chocolates, agora sem querer, tenho sono. Agora um sentimento me deixa aliviado e é a chama destas saudades que mantém em meu peito um coração pulsante e ocupado...

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